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Monica Rizzatti

A Energia e Disposição na Menopausa: Desafios Silenciosos e o Acolhimento no Ambiente de Trabalho

Atualizado: 13 de dez.

Sempre me considerei uma mulher cheia de energia. Aos 52 anos, faço academia há anos, sou ativa, tenho mil compromissos e estou sempre envolvida em algo. Mas, nos últimos tempos, tenho vivido uma realidade que nunca imaginei. A menopausa chegou e, junto com ela, vieram desconfortos que parecem roubar a minha energia de maneiras que nem sei explicar. Há dias em que me sinto exausta antes mesmo de começar, e o desânimo bate forte, como se todas as minhas forças estivessem esgotadas.


E o mais intrigante? Ao meu redor, nada parece ter mudado. Ainda estou cercada de pessoas, atividades, responsabilidades, mas, por dentro, existe uma solidão, um vazio que muitas vezes não sei como lidar. Mesmo sabendo que lá fora existe um mundo imenso cheio de possibilidades para sermos mais felizes, tem dias em que nada parece ter sentido. E, nesses momentos, me pergunto: quantas mulheres, assim como eu, estão passando por isso e nem se dão conta?


A menopausa é como uma montanha-russa emocional. Oscilações hormonais que parecem nos jogar de um lado para o outro. E, o pior, é que os sintomas muitas vezes se parecem com os de uma depressão. Quantas de nós não nos sentimos tristes, desanimadas, como se estivéssemos perdendo nossa essência? Muitas vezes, esses sentimentos são interpretados de forma errada – por nós mesmas e por quem está ao nosso redor.


Tenho um filho de 9 anos. Ele é minha maior alegria e também minha maior preocupação. Tive ele com 43 anos, e, hoje, uma das coisas que mais me angustia é o medo de não conseguir atender a todas as necessidades dele. O cansaço, as mudanças de humor, as noites mal dormidas… tudo isso pesa. E quando olho para ele, tão cheio de vida, cheio de energia, às vezes me pergunto: será que vou conseguir acompanhar? Será que vou estar presente da forma como ele precisa?


Essas questões, que já fazem parte da nossa jornada como mães, ficam ainda mais intensas durante a menopausa. Sentir-se cansada, desanimada e, ao mesmo tempo, saber que temos que estar presentes para nossos filhos cria um conflito interno enorme. É como se estivéssemos divididas entre a exaustão e o desejo de continuar sendo a mulher forte e presente que sempre fomos.


É importante dizer: sentir-se assim não é fraqueza. É uma fase que todas passamos, cada uma à sua maneira, e que precisa ser acolhida com muito carinho. Há dias em que simplesmente não conseguimos entender o que está acontecendo com a gente, e parece que ninguém ao nosso redor entende também. Isso pode nos fazer sentir ainda mais sozinhas. E essa solidão interna, quando não acolhida, nos paralisa.


Para quem, como eu, trabalha com Recursos Humanos, sei que temos um papel fundamental nessa jornada. O RH pode e deve ser uma ponte de apoio para as mulheres que estão passando pela menopausa. Sabemos que, muitas vezes, o ambiente de trabalho pode ser um local de cobrança, metas e prazos. Mas, como transformar esse espaço também em um lugar de acolhimento?


Precisamos abrir Espaço para o Diálogo. Quando foi a última vez que alguém perguntou como você está se sentindo, de verdade? Quando o RH promove um ambiente de diálogo aberto, as mulheres começam a se sentir vistas e ouvidas. Eu, muitas vezes, só quero desabafar sobre o cansaço que sinto ou sobre as noites mal dormidas, sem medo de parecer fraca. Esse espaço de conversa pode transformar a experiência da menopausa no trabalho.


O apoio Emocional na menopausa mexe não só com o corpo, mas com a mente. Muitas vezes, ficamos sem saber se o que sentimos é resultado das mudanças hormonais ou algo mais profundo, como a depressão. O RH pode promover um espaço seguro com apoio psicológico para que as mulheres tenham com quem falar, buscando o suporte que precisam.


É importante também, promover o Bem-estar, fazendo atividades físicas, momentos de relaxamento, palestras sobre saúde da mulher – tudo isso pode ser oferecido dentro do ambiente de trabalho. Pequenos gestos, como uma pausa para alongamento ou uma aula rápida de yoga, podem fazer maravilhas pela disposição e autoestima.


Eu confesso que, mesmo com todas as dificuldades, ainda acredito no poder da vida. Acredito que, apesar do desânimo que bate de vez em quando, ainda há um mundo gigante de possibilidades esperando por nós. E esse mundo lá fora? Ele não vai parar de girar. O que precisamos é encontrar formas de continuar participando dele, no nosso tempo, do nosso jeito.


Tem dias em que eu também não quero sair de casa, fico sem energia. Mas, em algum lugar dentro de mim, sei que existem caminhos para a felicidade que não desaparecem com a menopausa. E é esse sentimento que quero compartilhar com cada mulher que, assim como eu, sente que está perdendo o controle da própria vida.


Se você já se sentiu assim, saiba que não está sozinha. Há milhares de mulheres vivendo exatamente o mesmo dilema. E é por isso que falar sobre isso é tão importante. Quando nós abrimos, criamos uma corrente de apoio, de empatia e de força. O RH das empresas tem o poder de incentivar essa conversa, de criar um ambiente onde as mulheres se sintam seguras para falar, para serem elas mesmas, com todas as suas dores e conquistas.

Porque, no final das contas, a vida continua lá fora. E nós, com nosso jeito único de ser, vamos continuar caminhando em direção a ela. Juntas!

 

Monica Rizzatti

Diretora Executiva

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