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Monica Rizzatti

Empatia e Autenticidade: Lições Para os Profissionais do Futuro

Atualizado: 13 de dez. de 2024

Ao longo dos meus quase 30 anos atuando em Gestão de Pessoas, tive o privilégio de acompanhar as mais diversas realidades dentro de empresas de todos os tamanhos. Conheci equipes maravilhosas, também vi cenários desafiadores. Mas há algo que, infelizmente, tem chamado minha atenção nos últimos tempos: a falta de empatia no jeito como tratamos o outro.

Essa falta de sensibilidade, muitas vezes mascarada por ações que visam mais likes nas redes sociais do que uma mudança genuína, nos distância do que realmente importa: o respeito, o cuidado e a conexão humana.

Um exemplo que tomou as manchetes esta semana foi o caso da Jeniffer, conhecida como “a mulher do avião”.  Jeniffer foi alvo de críticas porque uma mãe exigiu que ela trocasse de lugar para que pudesse sentar-se ao lado do filho. Ela, que havia pagado a mais para escolher seu assento (algo que virou uma nova cobrança das companhias aéreas), decidiu não ceder. E, por isso, foi exposta como egoísta.

Aqui está a questão: por que esperamos que o outro sempre abra mão de algo que conquistou legitimamente? Será que a mãe que causou essa situação estava sendo empática com esta moça? Ou será que essa cobrança social de “ser bonzinho” é apenas mais um reflexo do quanto nos perdemos de nós mesmos? Não tenho dúvidas de que esta mãe, foi infeliz na sua atitude, porque além de ficar feio para ela, quem viralizou e conquistou mais de 1,2 milhões de seguidores nas redes sociais foi a moça que não cedeu seu banco. Na minha opinião, ela fez algo que a maioria das pessoas evita: foi autêntica. Ela soube dizer não, ocupar o espaço dela e proteger o que é seu, sem ceder à pressão externa.

E é aqui que chegamos ao ponto central deste artigo. O que Jeniffer fez no avião, muitos profissionais e gestores não conseguem fazer em suas vidas ou carreiras. A falta de habilidade para lidar com pessoas, a incapacidade de se colocar no lugar do outro e de equilibrar respeito e autoridade, têm gerado ambientes tóxicos e desequilibrados nas empresas.

Muitas vezes, gestores negligenciam a empatia e o respeito básico, seja com colegas, seja com subordinados ou até com a própria liderança. São atitudes que passam por cima de valores fundamentais como ética, postura e profissionalismo. Isso reflete não apenas na dinâmica corporativa, mas também em como essas atitudes reverberam para fora do ambiente de trabalho.

Voltando ao caso do avião: a mãe que causou o escândalo, gravando Jeniffer sem autorização e expondo seu rosto nas redes sociais, estava de fato preocupada com o bem-estar do filho ou buscando um momento de exposição pública? E que valores ela está transmitindo para a criança que, durante toda a cena, gritou e incomodou os demais passageiros?

Infelizmente, estamos vivendo em uma época em que os holofotes das redes sociais têm distorcido a maneira como lidamos com situações cotidianas. Em vez de aprendermos com o outro, buscamos culpados. Em vez de nos colocarmos no lugar do outro, criamos narrativas para nos beneficiar.

No mundo corporativo, isso se traduz em lideranças que não escutam, em colegas que buscam promoção a qualquer custo e em decisões que priorizam o ego em detrimento do coletivo. Assim como Jeniffer, precisamos aprender a ocupar nosso espaço sem medo de sermos julgados, mas, ao mesmo tempo, sem nos tornarmos insensíveis ao que nos cerca.

Será que se mostrar genuíno irá parecer um risco? Há uma cobrança silenciosa para vestir máscaras e interpretar papéis que não condizem com nossa essência. No trabalho, nas relações pessoais e até em momentos triviais, como uma viagem de avião, estamos constantemente sendo julgados – e, muitas vezes, por pessoas que não têm nenhum compromisso em entender a nossa realidade.

Empatia não é um ato para se exibir. É um exercício de olhar para o outro e, antes de julgar ou exigir algo, tentar compreender sua história, suas escolhas e o porquê de elas serem importantes. Jennifer não era uma vilã; ela era apenas uma passageira que exerceu seu direito. E a mãe, por sua vez, talvez precisasse mais de apoio do que de indignação.

No universo corporativo, assim como na vida, a empatia deveria ser uma via de mão dupla. Não é apenas sobre se colocar no lugar do outro, mas também sobre permitir que o outro mantenha seu espaço, sua identidade e suas conquistas. É sobre respeito mútuo e sobre encontrar formas de coexistir sem destruir a essência de quem somos.

Este caso nos faz pensar: o que realmente queremos transmitir às futuras gerações? Estamos criando profissionais que sabem lidar com desafios e diferenças? Ou estamos formando indivíduos que se perdem em meio à necessidade de agradar ou de impor suas vontades?

O mundo do trabalho – e da vida – precisa de mais empatia genuína, ética e autenticidade. Que possamos aprender com situações como essa e, acima de tudo, ensinar nossos filhos a serem humanos melhores.

Parabéns, Jeniffer Castro, por nos lembrar que ocupar nosso espaço com respeito é, sim, um ato de coragem e inspiração.

 

Monica Rizzatti

Diretora Executiva

Ser Humano Consultoria

 



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1 Comment


Marlene Silva
Marlene Silva
Dec 06, 2024

Eu também acho que a moça poderia ceder, mas não tinha obrigação. Quem sabe era seu primeiro vôo, ela queria apreciar lá fora. Era o aniversário dela!

A mãe claro ficou perturbada com o choro do filho mas nem por isto podia fazer o que fez, usasse outros meios para acalmar a criança, ela é a mãe.

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